
Após surgir publicamente o caso "A Morte e a Donzela", no qual o goleiro Bruno do Flamengo é acusado pelo desaparecimento e provável morte de Eliza Samudio, sua ex-amante, agora (como sempre acontece) alguém começa a ganhar dinheiro devido a repercussão do caso unida a detalhes paralelos da vida íntima e profissional de Eliza.
Camelôs estão lucrando com a morte de Eliza Samudio vendendo dvds com o filme (ou cenas de filmes) pornográfico feito por Eliza.
O filme feito pela produtora "Brasileirinhas" é sucesso de venda entre os dvds piratas nos camelódromos do Brasil.
Ok. Pirataria é coisa feia.
Não é essa a discussão.
Vamos falar aqui sobre o fato "em si". O fato de pessoas assistirem (por várias razões) um "filme" de uma pessoa que já morreu.
Alguém aqui já assistiu ao filme "O Imaginário do Dr. Parnassus" ? Ou então "A Dança dos Vampiros" ?
Então, um é o último filme de Heath Ledger, o outro é de Sharon Tate (mulher do genial Roman Polanski).
Legder morreu (dizem) por intoxicação acidental de remédios prescritos.
Sharon, então com 26 anos e TUDO pela frente, foi assassinada (grávida de 8 meses) pelos PUTOS, ANORMAIS da "Família Mason".
O interesse pelos filmes de ambos não se perdeu. Ao contrário, esse legado trouxe uma certa "divindade" aos dois e muito respeito internacional.
E a "culpa" por assistir filmes destas pessoas? Você tem?
Pois então. Muita gente movida pela curiosidade e uma certa dose de morbidez quer a todo custo (ou por R$ 5,00) assistir ao filme pornô de Eliza Samudio conhecida também por Fernanda Faria.
Mas existe também uma grande parcela da população (mesmo entre os que assistem filmes pornográficos) que torce o nariz (e outras partes) para o outro lado dessa maré.
Resumindo, quem quer ver uma pessoa que já morreu fazendo sexo?
Isso é cruel, amoral ?
Ok, analisando assim, "sem analisar"........pode ser. Mas também pode ser que não.
A culpa, a repulsa nesse caso, não é pelo fato de assistirmos um filme de alguém já falecido. Mas de assistirmos um filme pornô de alguém já morto.
Fosse lá uma comédia, um drama, uma aventura.......tudo bem. Mas uma pessoa que foi cruelmente assassinada e depois é vista em cenas de um filme fazendo sexo oral ou anal pode ser considerado deprimente, deplorável e de péssimo gosto.
Mas então vamos analisar melhor.
Quando essas pessoas, atrizes e atores (ainda vivos) de filmes pornográficos falam que essa é uma profissão como qualquer outra. Que ninguém tem nada que ver com suas escolhas livres e independentes. Que essa "escolha" deve ser respeitada e tratada de maneira natural, pois tudo isso faz parte de uma realidade comum e simples em nossas vidas. Quando essas pessoas lutam para serem aceitas na sociedade como pessoas normais que são...
Então quando uma dessas pessoas morre devemos encarar seu trabalho "em vida" normalmente, não?
Qual o problema em dar seguimento ao que foi feito pela pessoa?
"Existe trabalho após a morte"?
Quando Michael Jackson morreu vendeu mais do que em vida. O mesmo com Renato Russo. O mesmo com John Lennon.
As palavras de Gandhi e Luther King são tão pronunciadas hoje em dia, quanto no momento em que estavam vivos.
A vida segue e o legado, o trabalho de uma pessoa persiste e continua existindo.
Não importa o grau de inteligência ou importância. Importa apenas o fato de existir e de interessar alguém.
Se não devemos culpar atrizes e atores da indústria pornográfica enquanto estão vivos, não devemos sentir culpa após suas mortes.
Se devemos "prestigiar" seus trabalhos enquanto estão vivos, devemos continuar prestigiando quando morrem.
Ninguém sentirá culpa em ver Heath Ledger beijando Jake Gyllenhaal no filme "O Segredo de Brokeback Mountain", ou como Coringa matando cruelmente pessoas no filme "Batman, O Cavaleiro das Trevas"...pois estes são filmes "sérios".
Mas ver Eliza Samudio "dando" num filme pornô pode gerar peso na consciência.
Mas se uma atriz pornô é uma trabalhadora como qualquer outra (e é assim que elas querem ser tratadas) então seu legado profissional é igual a qualquer outro.
Alguém já ouviu (ou disse) aquela frase "Fulano morreu, mas seu trabalho permanece vivo para outras gerações"?
Na indústria pornô é igual. Afinal é uma indústria. Produz, gera emprego, gera renda e paga imposto.
E nem Eliza por ter feito filmes pornográficos, nem nós por assistirmos (ou não) a seus filmes devemos nos sentir culpados.
Afinal, culpa deve ter aquele que seqüestrou, espancou, matou e depois ocultou o corpo.
Falta de respeito não é assistir o filme pornô de Eliza, após sua morte. Mas seria feio usar uma camisa de goleiro escrita "Bruno" após este ter matado/mandado matar uma trabalhadora que tentava ganhar a vida.
Feio não é o filme de Eliza. Mas a capa do filme (montada amadoramente) com a foto do goleiro/matador (que aliás, não está no filme).
Talvez o mais errado ainda é lucrar com a desgraça alheia.........mesmo que seja para alimentar a própria família.
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